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O projecto exploratório incide sobre os acervos de quatro artistas contemporâneos portugueses de uma mesma geração mas com personalidades e percursos muito distintos: Ana Vieira (1940- 2016), Clara Menéres (1943-2018), Eduardo Nery (1938-2013) e João Cutileiro (1937-2021).

Esta etapa preliminar pretende alicerçar a construção de um projecto mais vasto, cujo objetivo principal a longo prazo é o de reunir estes acervos em Évora e efectuar a gestão comum e integrada dos mesmos, estabelecendo as condições adequadas de acondicionamento, conservação de peças, organização, inventário, descrição, acessibilidade digital e estudo.

Esse projecto considera o interesse de renovar as relações da cidade e da região com a arte contemporânea, na continuidade do que ocorreu nos anos 60 a 90 com o “Grupo 8”, que incluía nomes como Palolo, Conduto, Charrua, Areal ou Álvaro Lapa, fotógrafos como José M. Rodrigues e o próprio João Cutileiro.

A investigação procurará alicerçar o estudo da produção e dos pensamentos artísticos dos quatro artistas referidos, com a consideração:

1)dos seus acervos;

2)dos contextos nacionais e internacionais de formação e actividade;

3)de temas e questões que partilharam, ainda que assumidos e colocados de modos muito diferentes.

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sobrenos

DESCRIÇÃO

O PROJETO

O projeto enquadra-se no intento de construir um novo tipo de museu, que integre vários estatutos:

o de “reserva”, de “centro de conhecimento” e o de “espaço de exposição”.

 

Na designação de “acervos” englobam-se, não apenas as obras criadas pelos artistas, mas ainda todas as fontes materiais, técnicas, audiovisuais, escritas, etc, que contribuem para construir a narrativa multifacetada e abrangente do pensamento e de cada um deles.

 

O projeto envolve também a possibilidade de instalação em Évora destes acervos – na totalidade, no caso de Clara Menéres e João Cutileiro, apenas das partes relativas às obras propriamente ditas; nos casos de Ana Vieira e Eduardo Nery, ficariam em rede com os restantes núcleos.

 

Esta dimensão implica a articulação entre diversas instituições, nomeadamente, a Universidade de Évora, a Câmara Municipal de Évora e a Direcção do Património Cultural do Alentejo. Já nesta fase preparatória, o projeto conta com o apoio do Centro de Arte João Cutileiro - Associação Cultural e Criativa, instituição que tem assegurado a preservação da colecção do escultor. A viabilidade de adaptar edifícios desafectados para acolher estas colecções em condições de segurança e estabilidade ambiental, é uma mais-valia do projeto, ao promover a revitalização e dinamização de espaços abandonados na cidade, desta forma impulsionando a actividade cultural, turística e económica da região.

TRABALHO

No que diz respeito aos quatro acervos em análise, o projecto conta com o interesse por parte dos responsáveis pelos mesmos em colaborar no processo de inventariação, preservação e divulgação destes legados, evitando a sua dispersão e perda.

 

Uma primeira abordagem permitiu, até ao momento, reunir as seguintes informações:

Ana Vieira

Nasceu em Coimbra. Passou a infância na ilha de S. Miguel, nos Açores. Estudou em Lisboa, para se graduar em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes (1964), desde então que o seu percurso artístico foi marcado por um desvio ao suporte do quadro pintado, em busca de construções cénicas e teatrais, ou da manipulação de figuras e objectos, criando “simulacros” que lidam essencialmente com a alegoria e a memória. Várias práticas artísticas unidas por uma invulgar coerência, no tipo de operação poética com que Ana Vieira visa sempre libertar imagens e objectos da sua própria existência material e mundana – seja através de ambientes, instalações, cenografias, recortes ou montagens.

Clara Menéres

Nasceu em Braga. Estudou no Porto, diplomada em Escultura pela Escola Superior de Belas-Artes (1968) e doutorada em Etnologia pela Universidade de Paris VII. Bolseira da FCG em Paris e da FLAem Cambridge, como Research Fellow do M.I.T.Foi Diretora da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e Professora Catedrática Emérita da Universidade de Évora, mas definia-se sempre como escultora e investigadora em Arte.
O seu percurso artístico conta com uma obra poliédrica. Embora sem um estilo único, é coerente na qualidade da criação. A obra de Clara Menéres reflete uma artista sempre informada pela investigação/pesquisa das ideias, das formas e dos materiais. Exigente, provocadora, inovadora, pioneira, desafiadora, tem no seu legado obras de grande relevância para a História da Arte Portuguesa.

Eduardo Nery

Nasceu na Figueira da Foz e ingressou em 1956 no curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, transferindo-se para o curso de Arquitetura em 1959, do qual viria a desistir. Em 1960 é convidado por Jean Lurçat para fazer um estágio sobre tapeçaria na França. Em 1971 integrou o conjunto de artistas convidados para efetuar as pinturas para o café A Brasileira, no Chiado, para substituir as telas modernistas de 1925. Em 1973 foi um dos sócios fundadores da escola Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação, Lisboa. A sua atividade começa desde cedo a repartir-se por diversas áreas, pintura, azulejaria, tapeçaria, vitral, fotografia e colagem. Na pintura, os seus trabalhos vão desenvolver-se, no final dos anos 50, no campo do abstracionismo, seguindo primeiro uma via gestualista, para aderir depois ao movimento internacional da Op Art. Ainda nos anos 60 iniciou um trabalho regular e de grande variedade em obras de vitral, tapeçaria e azulejaria para projetos arquitetónicos e urbanísticos por todo o país. No final dos anos 60 começou a introduzir elementos tridimensionais na tela que dão à pintura uma efetiva profundidade, criando pinturas-objectos. Paralelamente começou a explorar a colagem e a fotografia, adotando a mesma postura transgressora ao combinar imagens/ fragmentos na criacção de composições sarcásticas ou improváveis.

João Cutileiro

Figura marcante da escultura portuguesa contemporânea, João Cutileiro nasceu em Lisboa a 26 de Junho de 1937, mas manteve forte ligação ao Alentejo e a Évora, onde residia e trabalhava desde 1985.
Realizou aos  catorze anos a sua primeira exposição individual ("Tentativas Plásticas") em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
Praticou e aprender escultura em ateliers de diversos mestres e, depois de uma breve passagem pela Escola de Belas Artes de Lisboa, ingressou, por indicação de Paula Rego, à Slade School of Art, em Londres, onde se diplomou.
No final dos anos  60, Cutileiro regressou a Portugal, instalando-se no Algarve. O seu “D. Sebastião”  colocado no centro de Lagos exemplifica a sua tentativa de subversão  da estatuária do Estado Novo. Após 1974, continuou a  intervir no espaço público com projectos originais, por vezes provocatorios,  de arte urbana.  As peças, sobretudo em mármore,  exploram o intimismo, o erotismo e o amor e tiveram grande reconhecimento  em Portugal e no estrangeiro. Importante também a sua faceta de fotógrafo, ainda pouco conhecida.
A sua obra escultórica foi mostrada  em muitas exposições ao longos dos anos, sobressaindo, em 1990,   a retrospetiva da sua arte na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Condecorado em 1983  com a Ordem de Sant'Iago da Espada, Grau de Oficial, recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa. Em 2017, fez uma importante doacção ao Estado Português de esculturas, fotografias e documentação, bem como da sua casa/atelier em Évora, a ser transformado num espaço dedicada a sua obra, figura e pensamento artístico.
João Cutileiro morreu, aos 83 anos, no dia 5 de Janeiro de 2021, em Lisboa.

Objetivos

01.

Levantamento / inventariação do acervo de Clara Menéres.

02.

Levantamento / inventariação do acervo de João Cutileiro.

03.

Criação de lista de obras em risco ou mal-acondicionadas.

04.

Sondagem de espaços existentes que possam acolher cada acervo.

05.

Registo dos ateliers dos artistas Eduardo Nery, João Cutileiro e Clara Menéres.

artistas

Artistas

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Ana Viera
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João Cutileiro
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Clara Menéres
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Eduardo Nery
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Galeria

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